
Por Mário Nazzari Westrup, Arthur Moretão e Mariana Palandi M. Pacheco
A Reforma Tributária em curso no Brasil representa uma mudança estrutural na forma de arrecadação dos tributos, tendo como objetivo central promover simplificação do sistema tributário, o que traz benefícios tanto para o setor público quanto para as empresas. No entanto, a transição para o novo modelo gera incertezas e exige adequações às regras, criando desafios de conformidade que demandam um planejamento cuidadoso.
Para o profissional de Relações com Investidores (RI), esses desafios se tornam ainda mais complexos, pois o mercado demandará informações claras e tempestivas sobre os efeitos da Reforma nas operações corporativas. A clareza na comunicação é fundamental para evitar especulações que possam impactar o valor das ações e a confiança dos acionistas, tornando a interface entre empresa e investidores ainda mais estratégica. Não se trata apenas de comunicar mudanças, mas de gerenciar percepções que podem impactar diretamente o valor de mercado da companhia.
No aspecto contábil, as companhias terão de revisar procedimentos de apuração de tributos e reconhecimento de receitas, custos e despesas. Essas alterações devem ser refletidas nas Demonstrações Financeiras, exigindo transparência e detalhamento minucioso para que os investidores compreendam os possíveis impactos no resultado e no fluxo de caixa, bem como nas transações patrimoniais, sem gerar ruídos ou dúvidas indevidas.
Além disso, o ambiente regulatório passará por adaptações, o que impõe a necessidade de acompanhamento constante de normativos e orientações governamentais.
No período de transição, a incerteza será inevitável. As empresas que transformarem esta incerteza em transparência construirão um diferencial de mercado valioso. O profissional de RI tem em suas mãos a oportunidade de converter desafios regulatórios em demonstrações de solidez institucional ao traduzir os requisitos da legislação para uma linguagem clara, transmitindo segurança sobre a conformidade e a capacidade de adaptação das companhias às novas exigências.
Uma atenção especial deve ser dada à análise comparativa de desempenho, tanto histórica quanto prospectiva. As mudanças no regime tributário podem alterar projeções e indicadores financeiros, impactando a percepção de valor do mercado, principalmente durante o período de transição entre os sistemas vigentes. Caberá à área de RI alinhar essas questões com a estratégia e a governança corporativa, facilitando o entendimento do cenário e reduzindo potenciais impactos negativos.
A comunicação eficiente exigirá apoio técnico, capacitação e uma cultura de transparência, para que todos os stakeholders compreendam as transformações e saibam como agir sob tais informações. Manter um canal de diálogo aberto com investidores, analistas e agências de rating poderá evitar surpresas e reforçar a credibilidade da empresa durante o período de transição.
Embora a transição para o novo regime tributário apresente complexidades, a tendência é de ganhos de eficiência e competitividade no médio e longo prazo. As companhias que adotarem uma postura proativa, amparadas por uma comunicação clara e eficaz, sairão fortalecidas desse processo, ampliando a confiança do mercado e consolidando sua imagem de solidez e transparência.
Mário Nazzari Westrup é consultor da Tendências Consultoria. Doutor e Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), possui MBAs em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas e em Finanças e Mercado de Capitais pelo Instituto de Finanças de Nova Iorque. Bacharel em Ciências Contábeis pela UNESC e em Relações Internacionais pela Universidade do Sul de Santa Catarina.
Arthur Moretão é consultor da Tendências Consultoria. Mestre em Ciências Econômicas pela Fundação Getúlio Vargas e Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo.
Mariana Palandi M. Pacheco é consultora da Tendências Consultoria. Mestre em Administração de Empresas pelo Insper e Bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.