Reforma tributária em 4 dimensões, com a visão de Ken Wilber

Prédios em São Paulo – Foto via Agência Brasil

Por Wagner Dirlon 

 A Reforma Tributária já começou. Os marcos legais estão definidos, os modelos de transição estão em curso, e o cronograma é claro:
🔹 2025 é o ano da preparação intensa
🔹 2026 marca o início da transição prática
🔹 2033 é o fim do processo de convivência entre os modelos

Mas atenção: o sucesso dessa jornada não depende apenas da letra da lei — depende da liderança com que ela será implementada.

Você pode cumprir prazos e adaptar sistemas, e ainda assim falhar na transformação real. Por quê?

Porque a reforma que realmente importa é a que acontece dentro das pessoas, entre os times e por trás dos processos.
E é exatamente aí que entra a Visão Integral dos 4 Quadrantes de Ken Wilber: uma bússola poderosa para conduzir o rollout de 2025 com inteligência, profundidade e consistência.

Reforma Tributária: Técnica Não Basta. É Preciso Consciência.

O modelo integral de Ken Wilber mostra que toda mudança significativa só se concretiza quando olhamos para quatro dimensões ao mesmo tempo:

QuadrantePerspectivaFoco
Superior Esquerdo (SE)Subjetivo IndividualCrenças, valores, mentalidade
Inferior Esquerdo (IE)Subjetivo ColetivoCultura da equipe, alinhamento simbólico
Superior Direito (SD)Objetivo IndividualComportamentos, ações observáveis
Inferior Direito (ID)Objetivo ColetivoSistemas, processos, legislação, tecnologia

A maior parte dos projetos de reforma foca apenas no quadrante inferior direito — os sistemas, os layouts, as novas obrigações.
Mas se você ignorar os outros três, o que parece pronto na planilha vai travar na prática.

O Que Está em Jogo nos Últimos Meses de 2025? Tudo.

2025 é mais do que uma fase preparatória. É o ponto de virada.
Tudo o que você ativar agora — nas pessoas, na cultura, nos comportamentos e nos processos — será o que determinará o ritmo e a qualidade da transição até 2033.

Sem visão integral, você pode até cumprir as normas.
Mas com ela, você lidera a mudança.

Aplicando os 4 Quadrantes à Reforma Tributária: O Caminho para a Implementação Consciente

1. Subjetivo Individual (SE) – A Reforma Começa Dentro de Cada Profissional

A nova realidade tributária exige profissionais com consciência ampliada, mentalidade consultiva e postura ativa.

– Eles compreendem o impacto estratégico da reforma no negócio?
-Têm clareza do seu papel na jornada de transição?
– Estão preparados para pensar em riscos, oportunidades e não apenas obrigações?

 A preparação em 2025 precisa incluir desenvolvimento humano, e não só técnico.

2. Subjetivo Coletivo (IE) – Cultura de Equipe que Abraça, Não Resiste à Mudança

Transformações profundas não se escoram apenas em ordens ou manuais — elas precisam de cultura compartilhada, confiança entre áreas e um senso coletivo de propósito.

– As áreas tributária, contábil, jurídica e de tecnologia estão alinhadas ou fragmentadas?
– Existe abertura para dialogar sobre incertezas e novas práticas?
– O time fala de “obrigação legal” ou de “evolução estratégica”?

 Sem cultura colaborativa, todo projeto de reforma corre risco de virar só um exercício de adequação burocrática.

3. Objetivo Individual (SD) – Comportamentos Práticos Alinhados com o Novo Modelo

A reforma exigirá novas atitudes no dia a dia. O conhecimento precisa se traduzir em ação, e rápido.

– O time já está testando os novos fluxos?
– Há clareza sobre o que precisa mudar nas rotinas diárias?
– As lideranças estão modelando o comportamento desejado?

Rollout sem mudança de comportamento é como um sistema novo rodando com mentalidade antiga — não entrega valor.

4. Objetivo Coletivo (ID) – Estruturas, Sistemas e Processos Robustos e Adaptáveis

Aqui entram os elementos mais visíveis da transição: sistemas, compliance, motores de cálculo, processos, integrações.

– As plataformas estão sendo desenhadas com flexibilidade para ajustes até 2033?
– A governança do projeto é ágil e multidisciplinar?
– Existe um mapa claro de impactos cruzados por área?

 Esse é o quadrante onde muitos começam — mas só será eficaz se vier sustentado pelos outros três.

Estruturando Projetos de Reforma com a Visão Integral: Modelo de Referência

QuadranteAção Estratégica no Projeto
SE – Consciência IndividualJornadas de autodesenvolvimento, sensemaking, trilhas de protagonismo
IE – Cultura ColetivaFóruns interáreas, narrativas de mudança, integração simbólica das equipes
SD – ComportamentosSimulações práticas, KPIs comportamentais, rituais de aprendizado
ID – Sistemas e ProcessosGovernança ágil, squads interdisciplinares, revisão de fluxo ponta a ponta

Conclusão: A Técnica Implementa. A Consciência Sustenta.

A Reforma Tributária brasileira já está em movimento.
Mas o que vai definir o sucesso da transição até 2033 não é apenas a norma — é o nível de consciência, cultura e liderança com que você a conduz.

2025 é o ano mais decisivo dessa década para quem atua com impostos.
É nele que se planta o que será colhido ao longo de sete anos.

A pergunta não é mais “o que a lei exige?”, mas sim:
“Como vamos garantir que pessoas, cultura, comportamentos e sistemas evoluam juntos — com consciência e coesão?”

Quem responder isso com profundidade, não apenas implementa a reforma. Lidera um novo ciclo tributário para o Brasil.


Wagner Dirlon tem sólida vivência em liderança estratégica e gestão de pessoas, com foco em transformação de processos, melhoria contínua e desenvolvimento de equipes de alto desempenho. É Head of Finance & Tax Services Brazil na Neodent. É fundador da Leading IsCool.


Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.

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