Teste financeiro da reforma tributária está atrasado, diz associação de restaurantes

Paulo Solmucci
Paulo Solmucci (imagem) deu entrevista ao Portal da Reforma Tributária – Foto: Roque de Sá o via Agência Senado

Por Gabriel Benevides, de Brasília

O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, disse ter recebido informações de que o sistema de testes financeiros da Reforma Tributária do Consumo está atrasado.

Segundo ele, as operações só estão prontas para serem feitas via boleto e TED. Ambas as modalidades operam em volume menor que o Pix e o cartão de crédito, por exemplo.

“A informação que a gente tem do sistema financeiro é que só vai conseguir pilotar boleto e TED. Ou seja, o grande ensaio para definir a alíquota vai ficar para 2027”, declarou Solmucci em entrevista ao Portal da Reforma Tributária na 3ª feira (12.ago.2025).

O presidente da associação também comentou os pleitos para retomar a desoneração da folha de pagamentos para os bares e restaurantes durante a implementação dos novos tributos.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Portal da Reforma Tributária: Quais as expectativas do setor para a alíquota do IVA sobre bares e restaurantes?

Solmucci: A alíquota de restaurante vai ser consequência da alíquota básica, porque nós temos um desconto de 40%. A gente conquistou uma essencialidade, uma alíquota especial. A Reforma Tributária, de um modo geral, é muito positiva e produzirá grandes produtividades. Mas ela vai pesar um pouquinho para o setor de serviço. Para nós, não, porque a gente conseguiu uma alíquota especial. Mas o nosso grande pleito é que o governo avance na desoneração da folha.

E isso viria pelo projeto de lei complementar que definirá a alíquota básica?

Dificilmente. O governo, no ano passado, falou nisso. Disse, inclusive, que a proposta que haveria era fazer a tributária, em seguida ia fazer a da renda, e o dinheiro da renda ia ser usado para compensar a desoneração da folha. Agora acabou direcionando esse recurso para a isenção do IR até R$ 5 mil.

Mas nós vamos trabalhar muito para a desoneração, porque o setor de serviço como um todo –não só o nosso, mas todo o setor de serviço– vai ser onerado na Reforma Tributária. Então, a desoneração da folha é justa, e abre espaço, por exemplo, para você deixar de ter informalidade, reduzir a informalidade, até mesmo tirar a gente do Bolsa Família, ter um efeito positivo, melhorar a produtividade do profissional formal. Então, essa é uma coisa que a gente espera que aconteça.

Agora, com relação à reforma de uma maneira muito específica, temos que dar muita atenção à questão do Imposto Seletivo. O Imposto Seletivo não pode aumentar a carga.

O senhor se refere às bebidas alcoólicas?

Não temos [isenção para] a alcoólica e não temos nem açucaradas. Então, é um problema. O governo está atrasado.

Eu não sei se você está acompanhando a parte burocrática, porque, em tese, o ano que vem vai ser o teste. Mas o que acontece? Não será possível fazer.

A informação que a gente tem do sistema financeiro é que só vai conseguir pilotar boleto e TED. Ou seja, o grande ensaio para definir a alíquota vai ficar para 2027.

Qual seria o principal pleito do setor sobre a reforma no momento, o sistema ou a desoneração?

Eu acho que o nosso principal pleito é a desoneração da folha, porque ela é multifuncional. Permite ganho de produtividade, se despreocupar com o Simples Nacional, que é outra questão importante da reforma.

O Simples é hoje uma barreira para crescer. É um imposto que está ruim, porque, por exemplo, nós estamos com o setor hoje com 20% das empresas operando em prejuízo, outros 30% e poucos com sem lucro e pagando imposto de renda do Simples. Nós vamos resolver desonerar a folha para poder todo mundo entrar no IVA e prosperar e crescer.

Qual o impacto da queda do preço dos alimentos por causa do tarifaço dos Estados Unidos de Donald Trump?

[O preço] Já caiu. Vai afetar positivamente nesse aspecto. O tarifaço já reduziu o preço da carne, já reduziu o preço do café, então a inflação de alimentos já foi contida.

O que é ruim no tarifaço? É que é ruim para o país. Portanto, a Abrasel encaminhou até uma carta para sua congênere lá, a “Abrasel americana”, que é a National Restaurant Association pedindo a intervenção deles junto ao governo Trump.

E eles fizeram. Fizeram uma carta ao governo. Para nós, no curto prazo, é positivo, porque está caindo os preços desses insumos, mas para o país é ruim e, portanto, nós estamos contra.

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